Por Carlos Alberto Pacheco

“A Importância de Preparar Líderes para Crises Cibernéticas”. Esse é o lema de um evento sui generis: o War Room. No dia 9 de dezembro, líderes de segurança de diferentes setores se reuniram para uma imersão única em São Paulo. Organizado pelo CISO’s Club, o encontro reuniu os participantes em 11 horas de intensa simulação de ataques cibernéticos, submetidos, em tempo real, aos desafios e decisões críticas que surgem em meio a um incidente de segurança.

A experiência trouxe aprendizados valiosos e destacou pontos essenciais para a evolução da segurança cibernética nas organizações brasileiras. Mais de 40 profissionais do setor participaram da imersão. Destes mais de 50% jamais tinham vivenciado uma crise nessas proporções. Os organizadores do encontro destacaram a importância de se criar simulações que ofereçam ambiente controlado para a prática de tomada de decisão, liderança e comunicação durante as crises.

O War Room se mostrou uma ferramenta eficaz para preencher essa lacuna, permitindo que os participantes enfrentassem situações que, embora simuladas, refletissem com realismo os desafios do mundo corporativo. “O ciberataque faz parte do nosso dia a dia. Na verdade, estamos vivendo uma pandemia de ciberataques. Quando pensamos no modelo do CISO’s Club Academy, trazemos essa experiência aos profissionais, reforçou Allex Amorim, cofundador da entidade. 

O War Room se revelou uma ferramenta eficaz para preencher a lacuna da segurança. A falta de integração entre as lideranças, incluindo o CISO, a operação técnica e o CEO, dificultou o alinhamento de prioridades e a tomada de decisões estratégicas. “Muitos participantes nos informaram que em suas organizações não há um plano estruturado que mostre as necessidades do board, mesmo quando os recursos financeiros estão disponíveis”, alertou o segundo cofundador do CISO’s Club, Altevir Ferezin Jr.

No evento, ficou evidente o fato de que pedir investimento para resiliência ou resposta a incidentes não é apenas uma questão técnica, mas de articulação estratégica. “Nosso encontro foi um sucesso. Ao final, as pessoas voltaram para a casa e certamente fizeram uma reflexão sobre quais são os caminhos que podem seguir”, destacou Allex. Saber quando, como e por que pedir recursos é uma habilidade crucial que precisa ser desenvolvida pelos líderes.

Segundo os organizadores, uma das grandes mensagens do evento foi a importância de expandir esse modelo de treinamento para além dos CISOs e times técnicos. Simulações como o War Room devem ser realizadas dentro das empresas, envolvendo não apenas as equipes de segurança, mas também outras lideranças, como marketing, jurídico, relações com imprensa e diretoria. Esses treinamentos ajudam a criar uma visão sistêmica e colaborativa, essencial para a gestão de crises.

“Aprendizado extraordinário”

Um dos participantes da simulação foi Thiago Amorim, risk manager do iFood e vice-presidente da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR). “A minha missão neste encontro é estar aprendendo com as pessoas que vivenciam novas experiências”, afirmou. Para Amorim, é preciso entender, na prática, como ocorre um ataque real e como isso interfere no plano de continuidade das empresas. “Foi um aprendizado extraordinário. Vou levar essa vivência para dentro da iFood e aos associados da ABGR”, prometeu.

A própria associação e a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) foram as entidades observadoras do evento. “Nosso objetivo foi o de fazer uma análise e ver como podemos unir forças para enfrentar o risco cibernético”, reforçou Marcia Ribeiro, assessora técnica do Conselho e Diretoria da ABGR. “Presenciar a atuação dos profissionais de tecnologia e segurança da informação elaborando ao vivo estratégias para troca de ideias e desenvolvimento de conhecimento, é de grande valia para nós, que acompanhamos a evolução deste produto, tão relevante para a proteção das empresas”, complementou a gerente da FenSeg, Raquel Alves.

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