Cessões ao exterior crescem e papel do IRB(Re) diminui no mercado de resseguros

Enquanto o mercado local se estagnou nos últimos três anos, cedentes buscam capacidade no exterior, especialmente através das resseguradoras eventuais


Por Rodrigo Amaral - Fonte: Risco Seguro Brasil 

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Fonte: Susep e IBGE

O setor de resseguros pode sofrer uma chacoalhada quando entrar em vigor a nova Lei do Contrato de Seguro, em dezembro. Se isso de fato acontecer, o que estará em jogo é o futuro de um mercado cada vez mais diversificado e competitivo.

É verdade que também se trata de um negócio em que as empresas nacionais enfrentam dificuldades para competir com rivais de outros países, o que se reflete nas estatísticas da última década.

Análise da RSB sobre dados da Susep mostram que o volume de prêmios cedidos por seguradoras e empresas brasileiras a resseguradoras baseadas fora do país cresceu vertiginosamente no período, e especialmente nos últimos cinco anos.

Em 2015, as cedentes brasileiras colocaram o equivalente a R$ 2,2 bilhões nos mercados internacionais. No ano passado, o número chegou a R$ 14,3 bilhões, um incremento de 542% em termos nominais.

Fonte: Susep

Mesmo descontada a inflação acumulada no período, de 74,9% segundo o IPCA calculado pelo IBGE, trata-se de um crescimento expressivo.

Em dólares, o aumento foi de US$ 550 milhões para US$ 2,3 bilhões, em valores atualizados. Ou seja, uma variação nominal de 318%, o que certamente ajuda a explicar o interesse das resseguradoras internacionais pelo mercado brasileiro.

Forte demanda busca fontes de capacidade

Vale observar que tanto no caso das cessões ao exterior quanto no do resseguro local, o aumento dos prêmios cedidos foi bem superior ao crescimento do mercado de seguros primários, que dobrou de tamanho nos últimos dez anos.

Isso pode indicar que as seguradoras e grandes empresas brasileiras, principais consumidoras de resseguros, estão mais atentas aos seus processos de gestão de riscos e buscam maneiras de diversificar suas exposições através de uma maior variedade de subscritores.

E não há dúvida de que as novas fontes de capacidade estão vindo de fora.

O mercado de resseguros locais, mais regulado, conta hoje com 14 participantes registradas. Uma delas, a Sompo, ainda não começou a subscrever, e outra, AXA XL, parece estar reduzindo sua atividade no decorrer dos anos.

Fonte: Susep

As resseguradoras locais argumentam que estão em desvantagem no mercado porque pagam mais impostos sobre os prêmios recebidos do que as resseguradoras de fora, que ademais não têm que seguir as rígidas regras prudenciais da Susep.

Além disso, é válido o argumento que muitas empresas estrangeiras entenderam que, entre as qualificações definidas pela lei brasileira (local, admitida ou eventual, por ordem de exigências regulatórias), na prática não havia diferença optar por qualquer uma das duas últimas.

Muitas decidiram então operar no Brasil como resseguradoras eventuais, sem incorrer em grandes custos ou burocracia. Dados da Susep mostram que as cessões para resseguradoras eventuais passaram de R$ 614 milhões em 2020 para R$ 5,1 bilhões no ano passado.

O papel minguante do antigo monopólio

O mais notável dado na análise é a evolução do negócio do IRB(Re). Em 2015, o antigo monopólio detinha uma parcela de 50% do mercado, que chegou a 57% em 2020.

Desde então, sua participação vem despencando, fechando 2024 em 34%. Talvez não por casualidade, há cobranças para que medidas sejam adotadas pelo governo para proteger o resseguro local – quem sabe destinadas a dar uma mão para o IRB(Re).

No entanto, vale notar que boa parte do market share perdido pelo IRB foi abocanhado pela Austral, uma resseguradora brasileira que passou de 7% para 15% de participação em dez anos.

Fonte: Susep

Outras empresas que operam o resseguro localmente, como Mapfre Re e Allianz, também conseguiram aumentar seu negócio em velocidade acima da média. No caso da espanhola, o crescimento superou 845% em dez anos.

O escândalo contábil que explodiu em 2020, aliado a fortes perdas catastróficas nos últimos anos e uma fracassada estratégia de expansão internacional, também colaboraram para que o IRB(Re) perdesse fôlego no período.

Nos últimos anos, a nova gestão do IRB(Re) diz ter saneado o portfólio de riscos da empresa, reorientado sua estratégia internacional e melhorado seus processos de gestão.

Mas recuperar o mercado perdido em um setor como o ressegurador, onde clientes são reticentes na hora de romper relações com seus subscritores, não vai ser fácil.

Talvez isso ajude a explicar por que há uma pressão por ajuda legislativa, mal disfarçada, para as resseguradoras locais.

* Posteriormente absorvidas pela Austral
** Posteriormente integrada na AXA XL
Fonte: Susep

A diversificação que vem do exterior

O crescimento das cessões para o exterior se caracteriza não só pelo aumento do volume de prêmios transferidos, mas também pela variedade cada vez maior de resseguradoras internacionais participantes.

Algumas empresas parecem estar apostando firme no mercado brasileiro, onde a exposição a riscos catastróficos segue limitada, ainda que crescente. É o caso do britânico Lloyd’s e das alemãs Hannover Re e Allianz.

Mas o que mais se destaca na análise dos dados de cessões ao exterior é o item “outras resseguradoras”, aquelas que não fazem parte do top 10 das maiores cessionárias.

Em 2015, a Susep tinha registros de 107 resseguradoras baseadas fora do Brasil que participavam do mercado. Delas, 98 haviam aceitado riscos brasileiros no decorrer do ano.

Em 2020, havia constância de 135 empresas registradas, das quais 102 haviam aceitado riscos de cedentes brasileiras. No ano passado, foram 161 e 123, respectivamente.

Companhias deixaram esse grupo para ingressar no top 10 com notável crescimento de prêmios nos últimos anos – 1.605% desde 2020 no caso da MS Amlin e 1.215% no da Swiss Re. A Arch Re passou de ter uma presença simbólica em 2020 (R$ 1,2 milhão em prêmios aceitos) a ocupar a décima posição na lista com R$ 436 milhões.

Entre as líderes, nos últimos cinco anos, a Mapfre Re registrou crescimento de 53%, o Lloyd’s, de 133%, e a Hannover, de 143%.

Mercado duro não freou o crescimento

É interessante também notar que o crescimento das cessões ao exterior ocorreu no período em que o resseguro global viveu o mercado mais duro desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

O violento aumento dos preços e aperto de condições entre 2019 a 2023, que chegou, como sempre, com algum atraso ao Brasil, certamente inflacionou um pouco os volumes de prêmios transferidos, mas não explica todo o fenômeno.

Cedentes brasileiros buscaram capacidade fora porque as resseguradoras locais também adotaram políticas mais restritivas de subscrição, especialmente o IRB(Re), ator dominante no segmento.

São dados que indicam que o acesso ao resseguro global está atuando como uma válvula de escape em um mercado sob pressão.

Um caso que ilustra os benefícios para o setor segurador de ter acesso a uma ampla gama de fontes de capacidade, seja no Brasil, seja no exterior.

A maior diversificação reforça o caráter mutualista do mercado, dispersando exposições e reduzindo o risco de insolvência das seguradoras.

São pontos que beneficiam o cliente final e que devem ser levados em conta em qualquer projeto para criar uma política nacional de resseguros ou regular a nova lei dos seguros, como defende a Susep.


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