Como os profissionais de gestão de riscos podem navegar por quatro futuros empresariais potenciais
fonte: Risk Management Magazine - RIMS
Em consequência do aumento das tensões geopolíticas, da aceleração da
adoção de tecnologias e das mudanças nas condições macroeconômicas, os líderes
executivos consideram o cenário empresarial atual menos previsível do que
nunca.
De acordo com a BDOSegundo o
Relatório Techtonic States 2025 , 61% dos líderes
empresariais globais consideram a resiliência a característica mais importante
de suas organizações, uma mudança fundamental que reflete a nova realidade de
operar em um mundo cada vez mais volátil. Outrora a espinha dorsal da gestão de
riscos, o planejamento tradicional baseado em um único cenário já não é
suficiente em um ambiente de mudanças aceleradas.
Ao serem questionados sobre suas previsões para o futuro do cenário
empresarial, 73% dos executivos afirmaram que suas organizações precisam se
preparar para múltiplos futuros possíveis simultaneamente, sugerindo que esse
ambiente de risco complexo persistirá indefinidamente. Em vez de encarar as
condições atuais como uma interrupção temporária, as organizações precisam se
adaptar a um cenário em que o risco impulsiona a tomada de decisões
estratégicas e o planejamento operacional.
O Quadro dos Quatro
Mundos
A BDO entrevistou 1.050 líderes executivos de alto escalão em 10
mercados globais, identificando, em última análise, quatro cenários de negócios
distintos que podem se tornar realidade até 2028. Cada cenário, que forma a
base de sua "Estrutura dos Quatro Mundos", exige uma abordagem de
gestão de riscos fundamentalmente diferente.
O conceito de "Mundo Fragmentado" refere-se a
um ambiente de negócios com mercados profundamente segmentados devido à
volatilidade política, mudanças nas alianças geopolíticas e interrupções na
cadeia de suprimentos. Os dados atuais sugerem que já estamos operando em
condições fragmentadas, com 52% dos líderes prevendo a persistência desse
cenário. De todos os futuros possíveis dentro dessa estrutura, este cenário foi
o que mais pegou as empresas desprevenidas, principalmente devido à inadequação
dos sistemas de alerta precoce e à dependência excessiva de cadeias de
suprimentos anteriormente estáveis.
O conceito de "Mundo Dividido" pode ser
descrito como uma bifurcação geopolítica que cria modelos econômicos
concorrentes entre o Oriente e o Ocidente. Esse cenário, que 33% dos líderes
empresariais preveem que se tornará realidade até 2028, é caracterizado por
padrões regulatórios divergentes, fragmentação tecnológica e abordagens
fundamentalmente diferentes para a conformidade em cada região. Nesse mundo, as
organizações enfrentariam o desafio de operar em sistemas econômicos
incompatíveis, com requisitos e métricas de conformidade conflitantes.
O cenário mundial acelerado é marcado por rápidos avanços
tecnológicos e redes globais integradas. Embora apenas 8% dos líderes esperem
que esse cenário se concretize, ele exigiria que as organizações gerenciassem
com maestria os desafios da governança da inteligência artificial, as
necessidades aceleradas de adaptação da força de trabalho e as crescentes
vulnerabilidades de segurança cibernética, à medida que a tecnologia transforma
setores inteiros. Com apenas 42% dos líderes relatando que atualmente possuem
infraestrutura de dados preparada para IA, atender a esses requisitos seria
particularmente desafiador.
O cenário "Mundo Sustentado" representa a adoção de
tecnologia ponderada e liderada por humanos, com mudanças graduais. Embora seja
o cenário hipotético mais moderado, é o futuro empresarial menos provável (7%).
Apesar de esse ambiente parecer menos disruptivo, ele carrega o risco oculto de
vulnerabilidade a choques externos, já que organizações otimizadas para
mudanças graduais podem não ter a agilidade necessária para responder a
rupturas repentinas do mercado.
Construindo
resiliência em múltiplos cenários
As empresas não precisam se concentrar em identificar o cenário
"certo" — a questão fundamental é desenvolver a capacidade de ter
sucesso em qualquer futuro que se concretize. Os riscos específicos e os
desafios de conformidade variam de acordo com o setor, a localização
geográfica, o modelo operacional e a tolerância ao risco de cada organização.
Mesmo que esses cenários evoluam para versões híbridas ou para modelos de
negócios completamente diferentes em diferentes regiões e setores, alguns
preparativos e investimentos podem ser universalmente aplicáveis. Para construir
resiliência, as organizações devem se concentrar no seguinte:
1. Sistemas de alerta
precoce permitem que as organizações monitorem indicadores-chave em todos
os futuros possíveis, em vez de esperar que um cenário específico se concretize
por completo. Esses sistemas devem integrar monitoramento de mídias sociais,
análise de políticas públicas e inteligência de mercado para fornecer aos
tomadores de decisão informações suficientes para a implementação de planos de
contingência. Isso inclui o monitoramento de divergências tecnológicas
regionais, picos de investimento e estabilidade regulatória.
2. A agilidade digital constitui a
base para o sucesso no planejamento de resiliência empresarial, com a adoção de
tecnologia impulsionada pelos funcionários criando sistemas mais resilientes e
adaptáveis. Em vez de restringir o uso da tecnologia pelos funcionários, as
organizações bem-sucedidas o incentivam e monitoram, garantindo que sua força
de trabalho possa se adaptar rapidamente diante de mudanças de políticas,
regulamentações ou transformações aceleradas.
3. A diversificação e
a flexibilidade da cadeia de suprimentos representam talvez a medida
preparatória mais iminente em todos os cenários. Seja diante da segmentação de
mercado, da bifurcação econômica ou de mudanças graduais, o fornecimento
diversificado oferece proteção essencial em cada cenário futuro de negócios. As
organizações devem ir além de relacionamentos isolados e transacionais com
fornecedores para criar redes integradas que incorporem fornecedores
terceirizados em simulações de crise. É também imprescindível desenvolver
planos de contingência que sejam ativados automaticamente quando determinados
gatilhos forem acionados.
4. Aprimorar a
segurança cibernética continua sendo crucial, visto que os ataques cibernéticos estão
aumentando globalmente. Com 76% dos líderes prevendo um aumento nos riscos de segurança
cibernética devido à fragmentação do mercado e 68% citando os avanços
tecnológicos como um dos motivos para a intensificação das ameaças
cibernéticas, uma segurança abrangente deve abordar múltiplos vetores de ameaça
simultaneamente. Elementos essenciais incluem sistemas de backup imutáveis
(por exemplo, armazenamento offline e inalterável), treinamentos consistentes
de recuperação de dados e simulações cibernéticas integradas envolvendo todas
as partes interessadas relevantes.
5. Flexibilidade financeira refere-se à
manutenção de recursos tanto para proteção quanto para aproveitamento de
oportunidades. As organizações precisam compreender as dependências de sua
cadeia de valor e manter reservas disponíveis para mudanças rápidas quando as
condições se alteram. Essa abordagem requer a criação intencional de uma
"folga" no sistema — capacidade extra que permite uma resposta
rápida, independentemente do modelo de negócios futuro que surgir.
6. A comunicação e a
confiança entre as partes interessadas devem ser estabelecidas muito
antes da ocorrência de crises. Organizações resilientes investem no mapeamento
das partes interessadas e na construção de relacionamentos durante períodos de
estabilidade, criando processos claros de escalonamento, notificação e reporte
que mantêm a confiança em qualquer cenário.
A resiliência também exige foco em fundamentos que transcendem os
cenários dos Quatro Mundos. Os clientes sempre exigirão produtos de qualidade,
valor competitivo e entrega confiável, independentemente de os mercados se
tornarem fragmentados, divididos, sustentados ou acelerados. Ao ancorar
investimentos e, ao mesmo tempo, construir flexibilidade de cenário em torno
deles, as organizações podem criar bases sólidas para futuros incertos.
O Imperativo da
Resiliência
Os profissionais de gestão de riscos precisam deixar de se proteger
contra riscos conhecidos e se tornarem arquitetos de resiliência, construindo a
capacidade organizacional para ter sucesso em qualquer cenário futuro. Essa
transformação exige o abandono da previsibilidade confortável do planejamento
pontual em favor de estruturas que abracem a incerteza como uma vantagem
competitiva.
Funções eficazes de gestão de riscos atuam como freios em um carro
esportivo: não diminuem a velocidade do veículo, mas permitem que ele avance
com mais rapidez e confiança. Ao testar iniciativas sob pressão em múltiplos
cenários, os profissionais de risco podem identificar premissas frágeis e
construir alternativas robustas que resistam a diversas condições futuras. Essa
abordagem exige a integração da gestão de riscos diretamente aos processos de
planejamento de cenários, em vez de tratá-la como uma reflexão tardia.
O objetivo é claro: as organizações devem incorporar múltiplas
perspectivas ao planejamento de cenários, indo além da simples visão de melhor
e pior cenário. Devem incluir os pontos de vista das principais partes
interessadas para desenvolver uma compreensão holística do que cada cenário
significa para seus negócios específicos e, em seguida, construir a resiliência
arquitetônica necessária para prosperar independentemente do futuro que surgir.
As organizações que prosperarem serão aquelas que se prepararem para múltiplos
futuros simultaneamente, tratando a incerteza não como um problema a ser
resolvido, mas como uma nova normalidade a ser navegada indefinidamente.
Ric Opal é líder de segmento para soluções cibernéticas e de TI na BDO.
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